A separação de pais é um fenómeno cada vez mais comum em Portugal e no mundo, devido a fatores como mudanças sociais, económicas e culturais. Em Portugal, o número de divórcios e separações tem aumentado nas últimas décadas. Em 2020, houve cerca de 23.000 divórcios e separações em Portugal, o que representa uma taxa de divórcio de cerca de 2,2 por mil habitantes.
A separação de pais também é comum em outros países do mundo. De acordo com os dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os países com as maiores taxas de divórcio no mundo incluem a Bélgica, a Dinamarca, a Estónia e os Estados Unidos. Posto isto, este vídeo, em que as crianças de uma turma de 1.º ciclo expressam musicalmente um olhar mais leve sobre a eventual separação dos pais ou da vivência já posta de pais separados, é uma tentativa de tornar mais leve, de dar resposta a uma realidade que é já a de muitas crianças.
É comum a criança acreditar que pode fazer algo para travar um processo de divórcio, que é uma responsabilidade apenas dos adultos. À criança é, por direito, exigido que seja protegida e lhe garantam os cuidados de segurança, habitação e amor que merece. Este vídeo foi distorcido na sua imagem para proteger a identidade dos intervenientes e aconteceu depois da escuta ativa do livro "Dois corações, duas casas", da psicóloga clínica Ana Rita Dias, e colocou as crianças com as ideias mais arrumadas de qual é o seu lugar num processo destes. As crianças são os "pequenos" e os adultos os "grandes", e qualquer sistémica familiar que não respeite isto criará um emaranhado disfuncional que só pode ser corrigido quando cada familiar ocupar o seu lugar e trouxer para si a sua responsabilidade; num processo que, não sendo fácil, não precisa de ser tormentoso e traumático para a criança. Só assim valerá a pena ousar tocar nesta temática, mostrando às crianças qual o seu lugar e o que realmente importa quando os pais se separam: tal como canta a canção.
Por: Carina Resende, Técnica Superior de Educação Social com formação pela Universidade do Algarve e Universidade de Barcelona, integra desde 2020 o Agrupamento de Escolas João da Rosa, em Olhão. Com um percurso multidisciplinar que abrange áreas como psicologia infantil, musicoterapia, pedagogia social e sistemas familiares, desenvolve atualmente um trabalho de excelência na promoção de competências socioemocionais junto de crianças do 1.º ciclo.